No melhor estilo Ciberpunk, assim como o personagem Case no livro Neuromancer (William Gibson), em Chiba ou no Brasil, está muito difícil suportar a realidade sem drogas, sejam elas de quaisquer origem ou intensidade.
Os últimos acontecimentos contribuem para que se pense que o mundo é muito mais competente em nos entristecer do que em nos alegrar. Juízes decidindo que Psicólogos podem atender homossexuais como se fossem doentes, um imbecil dirige a nação economicamente mais poderosa economicamente do mundo, outro imbecil dirige o Brasil, e a cereja do bolo dos dias atuais: pessoas impedindo que peças de teatro sejam apresentadas por “acharem” as mesmas desrespeitosas com a crença cristã.
Uma apresentação da peça “Evangelho segundo Jesus Cristo”, cujo título também foi empregado em um dos livros de José Saramago, foi cancelada no SESC de Jundiaí-SP por um juiz, cujo argumento principal foi “JESUS CRISTO não é uma imagem e muito menos um objeto de adoração apenas, mas sim o FILHO DE DEUS, ACOLHO as razões explanadas pela parte autora e assim faço com fito de proibir a ré de apresentar a peça (…)”.
Não bastasse o absurdo da decisão e do argumento, a peça justamente tenta passar a ideia de Jesus como um conciliador e tolerante, por isso ele aparece na imagem de um transsexual, um dos grupos mais marginalizados e excluídos da sociedade atual. Mas ninguém se preocupou com isso, a patrulha pelos ideais morais e cristãos imediatamente se prontificou a tentar barrar a peça, e teve a anuência de um juiz que beira os tribunais da inquisição católica. Não seria muito mais fácil se as pessoas que não concordassem simplesmente não assistissem à peça? É como se eu, na minha condição de ateu, tentasse fechar as igrejas por não concordar com aquilo que é praticado lá, e isso seria bizarro, pra dizer o mínimo.
O blog Games e Críticas abordou esse momento em que vivemos na forma de um jogo fictício, vale a pena a leitura AQUI.
Diante desse cenário, refaço a pergunta: Como conseguimos nos manter sóbrios diante de tanto retrocesso?
Pra mim é impossível. Cada um usa a droga que lhe agrada. Uns bebem, outros jogam, outros leem, outros vêem séries, outros praticam esportes, outros usam drogas mais pesadas. O que acontece, na realidade, é que procuramos muitos subterfúgios para enfrentar a realidade em que vivemos.
Enquanto isso seguimos em diante, resistindo a Trump, Temer, Jucá, Bolsonaros, Alexandre Moraes, Gilmar Mendes, Juízes imbecis, pessoas imbecis e a porra do mundo que insiste em andar pra trás.